A reconstituição da margem naturalizada constitui uma aposta fundamental, propiciando o contacto entre espaço urbano consolidado e estuário, mediante o estabelecimento de um percurso ao longo da margem – pedonal e ciclável – palafítico, na sua construtividade, apenas pousado e em profunda comunhão com a tranquilidade do sapal.

A fragmentação física dos conjuntos arquitectónicos propostos, propicia a íntima permeabilidade entre rua e sapal; no imediatismo dos traçados, dos percursos de contacto, das ligações aos pátios, regrando fluxos e utilizações diversas.

Ao trabalho de reconfiguração da margem, responderão às marés com a deposição de sementes transportadas desde os sapais a montante, permitindo uma gradual consolidação do revestimento.

O conjunto de pátios propostos, espaços de encontro e troca, legitimam-se numa dimensão mais vasta, enquanto espaços intensos e marcos de um percurso alternativo à rua que o referência.

À lógica de um percurso pedonal e palafítico, próprio de uma margem renaturalizada, adiciona-se agora um percurso alternativo, por entre pátios urbanos, e através deles até à rua recriada.

Entende-se a lógica da complexidade funcional, enquanto resposta alternativa aos modelos saturados da cidade dispersa setorizada, propondo-se a vizinhança entre o trabalhar e o habitar.

Adverte-se uma nova morfologia, regeneradora da rua da Bela Vista, espinha estruturante do projecto, mediante a tensão entre a implantação fragmentada dos novos conjuntos urbanos e o edificado existente, volumétrica e tipologicamento diferenciado, consubstanciada no desenho de canais, praças, largos, ruelas e travessas.

Ficha técnica

Arquitectura
– Bernardo Pizarro Miranda
– Dina Gonçalves Ferreira
– Natacha Pereira
– Vanda Guerra
– Vasco Amado
– João Veríssimo
– Miguel Gorgulho

Arquitectura Paisagísta
– Carlos Ribas, PROAP

Urbanismo
– Rosália Guerreiro

Imagem 3D
– BPM Arq

Fotografia
– ©DMF

Montijo, 2003