O projecto de reorganização do espaço litúrgico da igreja do Colégio S. João de Brito integra-se numa operação mais vasta de reorganização das várias comunidades da Companhia de Jesus em Lisboa, visando a criação de um polo central aglutinador e irradiador.

Neste contexto, associa-se à contingência da recuperação do edifício da igreja, a oportunidade de uma renovação mais profunda, potenciadora de uma nova dinâmica pastoral. A Igreja existente, datada de 1955, constitui parte do conjunto edificado do colégio, a ele ligado funcionalmente a nascente.

É na actualidade caracterizada por um espaço de nave única, ritmada por novo pórticos estruturais e um altar mor de cota sobrelevada. De orientação longitudinal norte-sul, a igreja contém um esquema de iluminação subsidiário do ritmo estrutural, vãos laterais verticais entre pórticos, um vão central de grande dimensão a norte, e iluminação lateral no altar mor.

Do programa preliminar de ocupação, destaca-se no essencial o carácter do espaço da assembleia, que se pretende unitário, envolvente e centrado no altar.

A nova proposta, aproximando-se do conceito de origem o espaço central, a disposição em anfiteatro, mediante o desenho e localização de um estrado de cinco por cinco metros localizado a nascente.

A intensidade e vitalidade da madeira de afizélia, preconiza na execução das novas peças de mobiliário, altar, lambão, cadeiras da presidência e credência, potência e caracteriza a singularidade da nova localização.

Reprogramam-se os meios dominantes geradores do espaço original. O eixo processional norte-sul ligará a porta principal ao novo sacrário, o eixo nascente-poente referencia e organiza a assembleia, centrada na mesa eucarística.

O novo espaço de assembleia, redimensionado, de capacidade para 474 lugares, integra o espaço do altar original, marcado na presente proposta pela localização do sacrário ainda como extensão da assembleia mediante o desenho de novos bancos. Este espaço, ora referenciado ao sacrário, ora centrado no novo altar encontra na polivalência de utilização a sua nova identidade.

O volume advertido, marcado pela presença de um novo plano de luz artificial, contém ainda as galerias laterais e um novo confessionário.

Propôs-se a suspensão nos paramentos laterais da nave de telas têxteis, filtros da luz natural.

A proposta de um novo plano de revestimento destacado das paredes existentes, secundou visualmente a aplicação dos novos materiais de absorção sonora.

Propôs-se a manutenção e utilização dos acessos principais existentes, salvaguardando no futuro a criação de uma antecâmara térmica e acústica.

Ficha técnica

Arquitectura
– Bernardo Pizarro Miranda
– Dina Gonçalves Ferreira
– Ana Rita Carmo
– Natacha Pereira

Instalações Eléctricas
– Ruben Sobral

Promotor / Proprietário
– Colégio S. João de Brito

Arquitectura Empreiteiro
– Alves Ribeiro SA.

Fotografia
– Bernardo Pizarro Miranda

lisboa, 2001-2002